quinta-feira, 12 de novembro de 2009

1971 – e o universo conspirou a favor do rock…



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Olhando para alguns dos grandes discos que o rock produziu, notava junto a outros amigos que um expressivo número deles haviam sido lançado em 1971. Provavelmente a maior leva com essa qualidade. Quanto mais pensávamos sobre o assunto, mais nos espantávamos com os títulos e músicas relacionadas com esse ano mágico do rock. Era como lembrar de uma safra inesquecível de vinho da mais alta qualidade, coisa que seria comentado até de forma mítica, mesmo com tantos anos passados já.

Lendo brevemente sobre o assunto, percebi também que alguns acontecimentos importantes da música estavam da mesma forma relacionados a 1971. Não sei se a experiência dos anos 60 finalmente atingia o seu auge no começo dos anos 70, ou se os músicos estavam num período de competição disputando quem era a melhor banda do mundo após a lacuna deixada pelo fim dos Beatles. Talvez o universo somente conspirou a favor das boas ideias. Mas o fato é que o final da década de 60 e o começo da década de 70 foi mágica, e este ano foi particularmente fértil, provavelmente o mais fértil deles, e só consigo pensar em 1973 como um ano que talvez possa rivalizar com a quantidade de bons grupos/músicos com ótimas composições, arranjos e ideias tão fantásticas.
Resolvi juntar alguns expoentes do gênero aqui e citar além dos álbuns, algumas músicas que estavam atreladas a essas obras-primas, assim como alguns dos fatos originados nesse iluminado ano musical. Isso resume, sem dúvida nenhuma, a essência do que ouço e aquilo que sou me expressando musicalmente. Se você gosta dessa linha de rock setentista, veja se não é notável. Acompanhe a lista abaixo:

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  • John Lennon - Imagine

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Álbum perfeito. Além de "Imagine", Lennon ainda grava "Jealous Guy". Todas as músicas desse álbum são fantásticas. Ainda conta com a participação de George Harrison. Demonstra que Lennon realmente devia estar nada satisfeito com os últimos anos de Beatles, pois os seus primeiros álbuns solo contém músicas até mais expressivas do que as que ele vinha compondo com os "Fab Four" no seu final, ao contrário de Paul em seus primeiros álbuns solos, que não mostrou o mesmo vigor criativo que tinha nos Beatles .

  • Rolling Stones - Sticky Fingers

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“Brown Sugar”, “Wild Horses”, “Bitch” e “Dead Flowers” já seriam suficientes para fazer deste álbum, algo antológico, mas ele ainda traz petardos como “Can you Hear me Knocking” e “Sway”. Timbres e riffs perfeitos, é mágico ouvir Keith Richards e Mick Taylor nesse álbum, uma aula de bom gosto e concatenação de guitarras.

  • The Who - Who´s Next

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Conta com as maravilhosas “Baba O´Riley”, “Behind Blue Eyes” e Won´t Get Fooled Again”, um dos mais importantes álbuns desse ano;

  • Led Zeppelin - Led Zeppelin 4 (Zoso)

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Alguém já deve ter ouvido falar em “Stairway to Heaven”, “Black Dog”, “Rock and Roll”, “Misty Mountain Hop” e “Going To California”, não? Desnecessário qualquer comentário;

  • Black Sabbath – Paranoid

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Provavelmente o mais popular trabalho do Black Sabbath. “Paranoid”, “War Pigs” e “Iron Man” já lhe concedem o status de clássico absoluto;



terça-feira, 6 de outubro de 2009

Enquanto isso, no tempo da “fita de arrasto…” Parte 1 – “A bendita chave da lojinha”!

FITA DE ARRASTO - 1

Certa feita eu comentava com amigos num chat que um dia eu já fui o feliz proprietário de uma gravador de rolo. Dentre esses, um amigo de nacionalidade portuguesa, e residente em Lisboa, ficou intrigado:

- “O que é um gravador de rolo?”

Expliquei do que se tratava e logo ele me disse:

- “Aqui chamamos de gravador de bobinas de fita, e antigamente se chamava gravador de fita de arrasto”.

Achei este nome ótimo, e em homenagem ao amigo de além-mar, toda vez que começar a desenterrar histórias do arco da velha, que ele tanto gosta, utilizarei este termo para denominar este tipo de postagem.

E para inaugurar esta sessão de contos da carochinha, vou desenterrar essa:

No início dos anos 80, quando eu tinha meus 14 anos de idade, mais ou menos, eu me recordo que meu primo Márcio, que mantenho mais contato (até hoje), foi trabalhar numa loja de instrumentos musicais usados. Ela pertencia a um japonês que fazia guitarras no fundo de uma casa no bairro da Lapa, em São Paulo, e o japa não podia ficar tomando conta dela na parte da tarde. Esta loja ficava no minhocaocentrão velho de Sampa, num local próximo ao elevado conhecido aqui como “Minhocão”.

Segundo ele, o tal japonês não tinha mais tempo para dividir a tarefa de dar conta da luthieria, que crescia a cada dia, e da loja de instrumentos usados. Meu primo e um amigo passavam horas na luthieria batendo papo com o ajudante do tal japonês, pois era amigo dele. Ao perceber isso, o japa ofereceu um emprego para tomar conta da loja de instrumentos a ele, que aceitou.

Mas o fato relevante aqui é que meu primo era apenas um ano mais velho do que eu e já tinha a chave de uma loja de instrumentos musicais!! rs

a-chave-do-sucesso1Para nós, simples guris que não tínhamos um tostão furado no bolso, no máximo um violão velho em casa - (mas uma paixão enorme por música - era como entregar a chave do paraíso em nossas mãos. Calma! não roubamos ou destruímos tudo, ahaha, mas o fato é que naquele tempo, quando a Teodoro Sampaio ainda não existia como é hoje, e muito menos o mercado de importados, poder ficar de frente de alguma aparelhagem, ainda que realmente velha e precária e ainda mais, com ninguém te controlando, era excitante. Apesar de adolescente, meu primo era responsável... pelo menos o suficiente, claro.onibus

Por algumas vezes eu saía da escola no meu bairro e pegava o ônibus para o centro da cidade, caminhava alguns quarteirões meio intimidantes (não como é hoje, mas já um tanto perigosos) só para poder passar algum tempo lá, batendo papo e tocando um pouco em algumas velhas guitarras, baixos e baterias por alguns minutos que fosse.

Praticamente não havia movimento nessa loja, que era única no nada esquisito endereço perdido no centrão. Lembro de passar horas lá e ninguém entrar nem pra perguntar onde ficava determinada rua. Nada mesmo!

Eis que em uma dessas visitas que fiz, meu primo, injuriado de ficar por lá sem ter muito o que fazer, resolveu talvez exercer seu lado mais rebelde e me disse algo como: “vamos ligar esta aparelhagem hoje e tocar de VERDADE!” – tocar de verdade pode ser traduzido como tocar em VOLUMES de verdade, pois sempre que ligávamos carmen ouvindo discosqualquer coisa naquela lojinha, era sempre de forma tímida, apenas pra ver como era. Mas dessa vez, seja porque ele estava entediado, seja por revolta, seja por galhofa, ele me pediu: “senta aí na bateria e pode descer o braço”. Eu comecei a tocar ainda um pouco tímido, mas ele ligou a guitarra que estava em suas mãos num velho amplificador em BOM volume e lá fui eu atrás.

Não passou mais que 5 minutos e a porta da loja estava lotada de passantes que formaram uma pequena platéia que tomou toda a foto velha piano e violino frente. Paramos após alguns minutos e alguns daqueles que ali estavam começaram a perguntar preço de algumas daquelas velhas guitarras, e lembro bem de um cidadão dizendo “eu passo aqui o tempo todo e nunca percebi que existia uma loja de instrumentos musicais nesse local”.

Numa época em que não havia nada sequer parecido ao formato mais profissional das lojas de instrumentos musicais como você conhece hoje em dia, e de suas estratégias de vendas, sem querer, exercemos nosso primeiro e bem sucedido merchandising em forma de “show ao vivo de DIVULGAÇÃO!”

Puxa, eu realmente gostaria de ter fotos disso...

Ah sim, e o tal japonês, dono da lojinha, mas que trabalhava em um fundo de quintal numa casa na lapa, era o hoje famoso Tagima. E o ajudante, que era amigo do meu primo, o hoje Luthier Jair.

abraços!

Marcos “Lelo” Craveiro

sábado, 8 de agosto de 2009

E venderam o fusquinha da Abbey Road…

Dia 8 de agosto é uma “beatle-data”. Há 40 anos atrás (8 de agosto de 1969) os Beatles fizeram a famosa foto para a capa do célebre álbum “Abbey Road“.

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Creio que a maioria conhece muitas histórias sobre este álbum, sobre os Beatles, sobre os estúdios Abbey Road, mas achei muito engraçado e bacana duas curiosidades que tive contato esta semana, por conta das notícias que correram sobre esta data:

1- venderam o fusquinha da capa aí, pertencente a um dos moradores da Abbey Road;image

2- graças ao “Google Street View”, pela primeira vez pude passear por toda região/quadras em torno dessa já mítica foto;

Bom, sobre o fusquinha branco aí, de propriedade de um vizinho de Abbey Road, o primeiro fato é que ele teve a placa "LMW 28IF" roubada várias vezes após o lançamento do disco.

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Ahahah, isso é genial, apesar de uma baita sacanagem. Imagine os caras hoje com esta placa dependurada no quarto. Mas veja só, nem tudo foi prejuízo para o dono desse simpático carrinho, pois o carro foi arrematado em um leilão realizado em 1986 por $23 mil dólares (!!), e atualmente está exposto no museu da Volkswagen em Wolfsburg (Alemanha).

Olha ele aí:

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Já sobre a foto, acho que todo fã dos Beatles que moram fora da Inglaterra já devem ter imaginado como seria por trás dessa foto, ou mesmo, como seria esta famosa “faixa” aí, ou mesmo suas redondezas, local que abriga o fabuloso e famoso estúdio da EMI “Abbey Road”. Não só os Beatles imortalizaram este estúdio, onde gravaram a maioria de seus álbuns, mas grupos do calibre de Pink Floyd (que gravou o histórico “Dark Side of the Moon”, e o “Wish You Were Here” entre outros), Oasis (“Be Here Now”), U2, Red Hot Chilli Peppers, Duran Duran, Radiohead, James Taylor, entre tantos outros, sem contar as trilhas de filmes clássicos como “Star Wars”, “Indiana Jones”, “Senhor dos Anéis” só pra citar alguns…

Pois não é que com essa história de navegar pelo Street View eu encontrei uma pacatíssima e bonita redondeza, onde vi mercadinhos, lavanderias, casas lindas entre casas comuns, ruas tranquilas, e até mesmo uma pequena “ilha” atrás da foto, onde foi feita a foto, que jamais imaginei… Sem contar, é claro, a frente do famoso estúdio!

Para quem quiser matar a curiosidade, eis o link:

Passendo por Abbey Road

Ah sim, e não podia deixar de postar a foto que não entrou no álbum – os Beatles atravessando DE VOLTA a mesma faixa HAHAHA

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Abraços!

Marcos (Lelo) Craveiro

terça-feira, 2 de junho de 2009

Travelling Riverside “Sound” – Guitar Pedalboard

Digital image


“Timbrar” uma única banda já não é uma tarefa fácil. Timbrar várias bandas diferentes fielmente é impossível. Mas aproximar um bom som é possível. Partindo desse princípio e adequando também ao meu gosto pessoal, comecei a experimentar alguns pedais e montei a “sala de máquinas” da guitarra para banda. Não considero um pedalboard “fechado”, mas hoje é um board que me entrega boas opções. Comentarei um pouco sobre isso.




image   Vox Wah-wah V847:
Este foi meu primeiro pedal. Maravilhoso wah-wah, bem vocalizado. A única modificação foi transformá-lo em truebypass e adicionar um Led que liga quando acionado, pois é um contumaz devorador de sinal, muito mais que os Dunlop. Uso bastante, com destaque para várias músicas do Clapton, Red Hot, e Led Zeppelin;
  • Samples:



image  Boss Flanger BF-3: 
A Boss é marca que divide opiniões, alguns odeiam, outros adoram. Eu gosto, mesmo tendo melhores opções (e mais caras obviamente) no mercado. Fiz um review sobre este pedal para o Blog “Toca dos Efeitos” onde exploro as vertentes que NUNCA vejo explorarem nele. Costumam usá-lo exageradamente ou de maneira pouco criativa. Passeei por muitas possibilidades ali, e é como uso na banda. Além disso, é pedal obrigatório nos meus arranjos de teclado transpostos para guitarra em temas do Deep Purple, ou nos clássicos do Van Halen, entre outros;

  • Review + samples:



image  MXR Phase 90:
Pedal clássico que me transporta imediatamente aos anos 70, em clássicos do Queen, Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin, VH, etc. Por vezes simula algo como uma leslie, um dos meus pedais preferidos.Samples caseiros com a regulagem que uso + review:
  • Review + samples:



image Boss Delay DD-3:
Um clássico delay. Eu gosto muito de delays digitais, tanto quanto os análogos. Pretendo adiante ter um análogo no board, mas não pretendo me desfazer desse valente pedal. Construí muitas possibilidades com ele, é obrigatório nos sons como U2 e Pink Floyd. Apesar de hoje existirem outros delays mais versáteis, com mais recursos, este sempre me resolveu quase tudo e sem nunca ter me dado dor de cabeça. Montei vários exemplos de regulagens no youtube para demonstrar seu uso para um amigo guitarrista e, apesar de gravado precariamente com um mic de PC, teve tão boa receptividade pelo universo virtual dos guitarristas que decidi mantê-lo, ainda que o som não esteja tão bem gravado. Isso ainda me motivou a despejar todos os outros testes que fazia pra banda num segundo vídeo. Creio que será útil a quem tiver este modelo de pedal e queira sacar as regulagens de vários clássicos e outros sons;
  • Samples (com regulagens):




image  Marshall ED-1 Compressor:
 Este tipo de efeito é o mais chato de ser bem usado, mas quando se acerta com ele, é muito útil. Uso em canções do The Police, Dire Straits, e apimento um pouco meu captador single coil quando usado com drives sutis, e vai muito bem com slide;
  • Samples:



image   MXR Wylde Overdrive:
Apesar do nome do cidadão impresso no pedal, ele não é um drive fortíssimo. É um bom overdrive que vai muito bem em amps valvulados como boost, e também cai muito bem empurrando o drive do TS-9. Sozinho, tem um som mais velado, mas gera boas possibilidades para rock clássico.
  • Samples:



image   ProCo Rat 2:
 Distortion que sai de um drive mais ardido e chega a um fuzz. Com ele eu toco coisas como Lenny Kravitz, Black Sabbath, Guns, e boa parte do metal dos anos 80 como Scorpions, Iron Maiden, entre tantos. Mas ele faz o som clássico de Jeff Beck nos antigos e clássico álbuns, é pedal obrigatório no hit funk dos anos 70 “Play That Funky Music White Boy” (que é uma das músicas que mais levanta a galera em nossas apresentações), transita muito bem fazendo ZZ Top como em “La Grange”, ou até mesmo vai bem fazendo um “Purple Haze” do Hendrix a “No More Mr Nice Guy” do Alice Cooper. Versátil, não?
  • Samples



image   ODM-3 Newell
Este pedal foi minha última e mais recente aquisição. Conheci esta linha que veio da antiga Oliver casualmente. Ele foi baseado no famoso pedal “Shred Master” da Marshall (fora de linha), e tem algumas modificações em relação a ele. Este pedal me trouxe o som clássico que lembra um tanto o Van Halen dos primeiros álbuns, e só por isso já me agradou. Faz em caráter de experiência o som de MARSHALL do meu board, e apesar de se tratar de um pedal de uma linha mais barata, obtem-se alguns bons resultados.
  • Samples



image   TS-9 Ibanez:
Overdrive principal usado como boost. Clássico, absoluto. Rock and roll setentista puro. De Rolling Stones à Small Faces, de Status Quo a The Who.





  Baby Booster Hobbert
Pedal Handmade, é um boost clean, e é o único pedal que é ligado no loop do meu amp. Feito assim, ele me permite aumentar o volume do todo sem aumentar ganho de drive. Uso pra destacar solos e riffs do restante da banda.




Além dos pedais, o amplificador que uso nesses dias (um fender ultra chorus SS) possui um chorus lindíssimo, e quando necessito desse efeito, aciono no amp mesmo (via footswitch).




É isso. Espero que os poucos e amadores vídeos e áudios caseiros, além dos reviews, ajudem a dividir um pouco das regulagens que uso em alguns pedais, e que você que também tem uma banda cover, possa se beneficiar disso de alguma forma.

    Abraços!
    Marcos "Lelo" Craveiro

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Os grandes clássicos enjoaram? experimente devolvê-los ao contexto original: volte a ouvir um álbum inteiro…

Hendrix
Eu não sei quantos anos você tem. Mas se tem mais de 30, deve ser ainda do tempo que se comprava cds e voltava pra casa ansioso para ligar seu cd player e poder degustar sua nova aquisição por completo. Na verdade, como eu tenho mais “cabelos brancos”, eu sou ainda do tempo dos bolachões, ou vinis, ou os antigos Long Plays, mais conhecidos como LPs. A história era a mesma, mas contava com alguns ingredientes a mais por conta de uma operação mais “complicada”, digamos assim, para começar a apreciação.
Existe aqui o chavão do saudosismo, mas independente disso, a história vai servir para o que pretendo expor.
Beatles puzzleHoje em dia, com a popularização dos downloads de arquivos mp3 (e seus derivados) e dos iPods da vida, certamente a maioria esmagadora das pessoas passou a montar um arquivão desconexo com centenas e mais centenas de músicas perdidas e fora do contexto dentro de seus players.
Sem querer forçar uma regra, muitos provavelmente não sabem dizer o nome da maioria das bandas ou músicas que ali estão. Não sabem de que álbum foram pinçadas, e o mais triste, em muitos casos, do contexto e do clima que foram retiradas e criadas.
Se fosse aprofundar mais ainda esta linha de observação, não só perde-se o que foi citado, mas também a arte do álbum, quem o gravou e mixou, o que foi usado, e muitos outros detalhes, que lhe surpreenderiam dentro do panomara que estou desenhando. Poderiam até lhe interessar se você estivesse apreciando nas mesmas circunstâncias de quando ainda tinha-se que parar um pouco e ter este trabalho de preparar um cd player, e retrocedendo um tanto, os velhos toca-discos, antes de começar a escutar música.
Nesses “não tão longinquos tempos”, não tínhamos acesso a qualquer música e a qualquer álbum, tanto pela falta das rápidas conexões e condições técnicas para isso, como pela condição financeira média para adquirir seu Cd / Lp. Montar uma discoteca (ou “cdteca”, como quiser) básica era algo bem mais pessoal, e Purple Puzzlecomo você seria forçado pelas circunstâncias a escolher alguns exemplares (dentre tantos que gostaria de obter), criava-se assim um acervo particular e totalmente personalizado, que eventualmente poderia bater com alguns ítens que os seus amigos houvessem escolhido, mas nunca por completo. Criava-se aí, exatamente por estes obstáculos, uma diversidade interessante, e ao mesmo tempo, uma condição hoje muito abandonada: reunir os amigos para REALMENTE escutar música e trocar informação.
Estas pequenas e agradáveis reuniões continham muito mais do que uma boa desculpa de juntar a galera (que por si só já seria um motivo fantástico), mas é onde dividia-se conhecimento a respeito daquilo que se ouvia, e era onde parava-se para realmente OUVIR a MÚSICA, OLHAR o encarte, FALAR sobre a BANDA, PERCEBER o contexto que se propunha naquele álbum, e, exatamente por isso, escutar o ÁLBUM POR COMPLETO, com tudo que era intrínseco a ele, até mesmo um simples selo ou encarte.
Não estou dizendo com isso que qualquer um que ouviu centenas de vezes a música mais “famosa” daquela determinada banda “famosa”, não pudesse realmente enjoar. Mas, como fazíamos àquela época, você acabava por montar sua coletânea não só baseada nos greatest hits da banda, e sim pinçava as que mais gostava NAQUELE momento, de tudo que ouviu por completo. E nem sempre as mais conhecidas eram usadas pra montar sua coletânea.
Haviam os álbuns de coletâneas lançados no mercado, é claro. Mas se você só tivesse tido acesso a ele, e se te agradasse, quase sempre ia-se atrás do álbum de onde estas músicas foram retiradas. E realmente tem outro sabor quando se escuta a “tal música” vindo atrelada a obra completa de onde ela foi concebida – o famoso álbum.
Quantas vezes não me deparo com algum amigo que “tira o pó” de algum álbum clássico que há muito não escutava por ter “enjoado” de alguma canção, e escuta-o por completo, incluindo “a tal canção que enjoou”, e ao final, comenta: “Putz, não lembrava de como isso é bom”!
Poucas semanas atrás tive esta fantástica experiência com o álbum “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band” dos Beatles. Em um fórum, um conhecido comentava da experiência de ouvir as gravações desse álbum que ele obteve, mas que apesar de digitais, foram retiradas de excelentes Lps sgt_pepperjaponeses, e que ele dizia terem não só outro peso, mas que também a antiga mixagem permitia ouvir algumas coisas que ficaram em segundo plano hoje em dia. Ele compartilhou o áudio conosco e fui ouvir o álbum, do começo ao fim. Há quanto tempo não ouvia essa obra prima dessa maneira, por completo! (E sim, ele tinha razão, escutei vocais fantásticos que nem me recordava que faziam parte de algumas músicas, graças a esta mixagem... pois é... mas isso já dá assunto para um outro bom tópico...)
Ouvir música apenas para lhe tirar a atenção de outra coisa da sua rotina, ou mesmo por que se tornou um hábito como coçar a cabeça enquanto você lê algum texto num blog, e sem saber mais nada sobre isso, pode estar lhe tirando alguns prazeres que você nem sabe que existem...
Isso afeta algumas bandas que fazem covers das tais “mesmas músicas”... Por que será que algumas bandas conseguem criar impacto com algo que já se tomava por batido por muitos, enquanto outras, fazem dessas mesmas canções o exato momento de quem está na platéia evocar o “agora é hora pra eu aproveitar e ir ao banheiro”?
Será que alguns abandonam a mesma energia e dedicação que prestam àquelas músicas que gostam mais? será negligência pessoal com o que ele imagina como “público dessas músicas batidas”? Ou será que a reação causada não é exatamente a resposta à altura de seu modo de olhar para aquilo que nunca prestou tanta atenção? Sabe os tais “detalhes” que lhe chamaram a atenção à época? timbres, frases, sons diferentes, aquela energia... pois é. Tudo que fica ligado no “automático” tem sabor de pizza de microondas.
Floyd puzzleBem, seja como for, fica aqui uma dica: seja você um ouvinte obsessivo do maravilhoso iPod com suas milhares de opções e portabilidade, seja você um integrante de alguma banda que se prestou a fazer este tipo de trabalho que é tocar as músicas que você e tantos outros gostam: experimente ouvir estas músicas novamente (ou pela primeira vez) dentro do contexto que foram criadas. Que tal se dar um tempo pra ouvir aquele álbum que você não ouvia já a algum tempo por completo? Talvez você se surpreenda...
Espero que este texto não seja compreendido como uma defesa da forma de não conhecer novas bandas e músicas, e nem contra a maravilhosa e mais confortável tecnologia atual, mas sim (e também), uma visão de apreciação de tudo que já foi criado, não como algo simplesmente descartável, como o tempo todo boa parte da mídia nos faz crer, mas como obras que ficam.
Como complemento a tudo isso, gostaria de colar o texto que acabo de ler, onde J.J. Abrams, comenta algo que tem tudo a ver com este post:
J.J. Abrams, criador das séries Lost e Fringe e diretor do novo Star Trek: "A tecnologia nos tornou ingratos", escreve Abrams num texto intitulado "A mágica do mistério" (em inglês). Segundo ele, vivemos a Era do Imediatismo e a facilidade de acesso faz com que as pessoas deem menos valor ao conteúdo:
"Antigamente, seria impensável ir a uma loja de música, comprar um disco, voltar para casa e não ouvi-lo. Mas hoje? Quantos de nós baixaram músicas e álbuns que ainda estão esperando, meses ou anos depois, para serem ouvidos na biblioteca do iTunes?"



Abraço!
Marcos “Lelo” Craveiro

sábado, 2 de maio de 2009

“Toca Rauuuuuul!”… Ok, mas só se for “Raul-way Star”!

(ou “Porquê escolhemos tocar o rock  internacional”)

 

Purple e RAUL

 

Pois é, em todos os lugares, sempre que uma banda cover se apresenta, uma coisa é sempre inevitável: Alguém vai gritar da platéia “Toca Raul” !!! E não interessa que a banda só toque reagge, ou só classic rock internacional (ou seja lá o que for), mesmo que por simples galhofa, alguém vai gritar este bordão. E se não gritar, até a própria banda grita no microfone e pede para si própria, ainda que seja para mexer com a platéia. Até o Zeca Baleiro acabou compondo uma música sobre isso. E até eu não resisti e na EXPOMUSIC desse ano que passou, gritei “Toca Raul” no meio do show do virtuoso contrabaixista Stu Hamm hahahHAHAhah. (Ok, foi sacanagem, mas foi divertido, alguns riram, outros quiseram me matar...).

O fato é que dependendo do perfil da banda e do bar, tocar rock nacional é inevitável. Mas, como nossa banda tem outras motivações que a levam a tocar por aí, que não exclusivamente as financeira$, optamos por fazer aquilo que nos empolgava. E até pra tocar o estilo que você gosta, você acaba por fazer concessões, tocando mais músicas óbvias do que normalmente tocaria, e coisas assim.

Mas o que levou esta banda cover a tocar apenas o rock internacional?

Quando resolvi montar uma banda de cover, e não uma banda autoral, imaginei em primeiro lugar, me colocar para tocar ao vivo novamente, pois havia anos que não me apresentava mais, e havia perdido o contato com a situação “palco/público”, com seus prazeres e suas agruras. Tocar com banda te traz uma responsabilidade para com a execução, arranjo, equipamento, memorização das canções, de trato com o “business” e uma disciplina que não teria apenas tocando em casa. Só que tudo isso dá trabalho, e não é POUCO trabalho. Escolher canções que tragam equilibrio entre o que você tocaria com 100% de prazer, com aquelas que, apesar de bacanas, já estão saturadas para o músico, (mas que trazem grande retorno de satisfação com a platéia), não é tão simples, pois ambos – músicos e platéia - devem estar motivados para que o show saia sempre interessante, e é por isso que é fundamental como integrantes da banda, aproximar-nos ao máximo possível da nossa essência musical.

Como guitarrista, minha “praia” sempre foi o rock dos anos 60 e 70, com boas doses das décadas de 50, 80, e por fim, um pouco de 90… E sempre ouvi e toquei estes sons, o que é natural para mim. Quando decidi reunir pessoas para uma banda, as procurei com objetivos e gostos similares, e acho que tive bastante sorte até, pois a banda tem uma porcentagem até alta de compatibilidade naquilo que escuta em casa. Sim, gostamos de rock nacional também! Alguns integrantes da banda mais que outros, é verdade, mas a coisa é um pouco mais entranhada, como tento expor a seguir.

Vou falar olhando sob meu “lado do prisma”, ou seja, pelo olhar do guitarrista da banda. Sabemos (nós, amantes do Rock and Roll) que estes seres peculiares – ou seja, nós, os guitarristas -  nos apegamos a muita coisa além dos maravilhosos riffs de guitarra contidos no rock. Nós adoramos “timbres”, sejam eles de guitarras, de efeitos, de amplificadores, adoramos as várias técnicas empregadas nesse estilo, como afinações alternativas, uso de slide, e-bows, uso de capotrastes, two-hands, harmônicos artificiais, arcos de violino (!), etc,  e amamos as centenas de modelos consagrados de guitarras. Nós realmente subimos nos palcos querendo brincar de tudo isso, e é exatamente o rock clássico, consagrado de décadas, que está recheado desses “quitutes” que tanto nos apetecem!

Mas não para por aí. Além do gosto pela música e pelo que é usado para fazê-la soar desse modo específico, nossa vocação de  xeretas incansáveis nos aproximou com a riquíssima história por trás de tudo isso

Daí, nesse ponto desse longo texto, já deve ter alguém pensando que “o rock nacional tem sua história também, que é boa música, que nós somos preconceituosos”. OK, calma, não me xingue (ainda) se você é um fã do rock brazuca, o texto não se refere exatamente aos famosos e infindáveis embates que tem a (má) intenção inútil de afimar algo como “rock nacional é ruim, rock internacional é bom”.  O rock feito aqui tem muita coisa bacana, e com o passar dos anos teve um avanço em equipamento, timbre, e uso dos efeitos de forma a não ficar devendo para mais ninguém de fora. Você tem músicos excepcionais aqui, acima da média de muitos músicos internacionais consagrados, mas, a história do rock em “terra Brasilis” é bem diferente, e por melhor que seja, não tem a mesma riqueza e importância mundial quando nos referimos a esse estilo em particular, principalmente quando pensamos nas “fontes” de onde bebemos o fraseado do instrumento e da voz, da maneira de se expressar, de onde imitamos os timbres e até mesmo de onde nasceram as primeiras guitarras e amplificadores construídos, sem falar da história do Blues e de todo o panorama político, social e racial exposto nas inúmeras figuras de linguagem de famosas letras que fundamentaram o estilo, além, claro, das históricas gravadoras como Chess, Motown e Atlantic.

Por fim, olhando pelo motivo mais simples e óbvio, nada mais é que apenas uma escolha – gostamos mais do rock internacional de um determinado período – e somado a tudo que ele representou e representa e que tanto nos fascina a ponto de aprofundar o assunto e ir além, optamos subir ao palco e fazer o que achamos mais divertido e honesto. Isso significa, além de nossa motivação, o respeito não só conosco a toda essa bagagem “histórico/pessoal/musical” que há anos nos acompanha e que permite nos expressarmos com maior naturalidade, mas respeito também diante daqueles que vierem nos prestigiar esperando receber exatamente o que divulgamos. E para cada um que tenha essa oportunidade de compartilhar com a gente esta experiência, que possa saborear um pouco dessa grande diversão que é o rock and roll.

Ah! E claro, salve o grande RAUL!!

 

Abraços

Marcos “Lelo” Craveiro

quinta-feira, 30 de abril de 2009

E por falar em cover… 9 solos de guitarra!





Como o Blog tem como propósito falar sobre coisas que envolvem este universo de bandas cover e equipamentos, eis aqui alguns vídeos “caseiros” que fiz, onde mostro minha maneira de tocar alguns solos de guitarra de algumas músicas do universo do rock clássico.
Acredito que são suficientes para ajudar a observar o “shape” escolhido para cada situação, afinal, o que vale é dividir um pouco sobre isso, principalmente pra quem está começando a tirar este tipo de som na guitarra. Usei em sua maior parte um pequeno amplificador da Newell (transistor) e em apenas dois casos foram amplificadores diferentes (um Fender e outro Peavey Classic 30).
Nada aqui foi retirado de material escrito (songbook), e apenas representam meu olhar sobre como tocar cada tema desse, e não a verdade absoluta, ok?
Vamos lá!



1- Led Zeppelin - “Rock and Roll” – guitar solo (versão do estúdio)
Nunca vi ninguém tocando o solo desta versão de estúdio de forma adequada, e a explicação não está tanto na dificuldade de execução, mas de compreensão do início do solo, pois as guitarras embaralham bem. Ao vivo, Jimmy Page toca este começo completamente diferente, e é como a maioria das bandas costuma tocar.




2- Pretenders – guitar solo (versão estúdio
https://vimeo.com/75428883
Solo do guitarrista Robbie Mcintosh, que tocou com vários músicos consagrados, entre eles Paul McCartney, John Mayer e Roger Daltrey (The Who), . Este solo é quase tão clássico quanto a música.



3- Deep Purple - “You Fool No One” – guitar solo
Ritchie Blackmore tem talvez alguns dos solos mais marcantes do rock. You Fool No One é uma canção que vai além do solo principal. Por toda sua extensão, a guitarra parece se recusar a repousar conformada sobre algum acorde.




4- Beatles - "Drive My Car" guitar solo (slide)
https://vimeo.com/75167204
Um dos memoráveis solos de George Harrison usando SLIDE, técnica que virou marca registrada!



5- Van Halen - "Dreams” – guitar solo (1 e 2)
Escolhi dois temas de Eddie Van Halen, começando por este da era com Sammy Hagar. Os dois solos dessa música carregam duas facetas do Eddie para mim: o primeiro sugere mais sua fúria, e o segundo, um lado mais melódico, sem perder seu estilo.



6- Van Halen - “Eruption” – guitar solo
https://vimeo.com/77372965
Solo extremamente conhecido de Eddie. Traz sua marca a cada compasso, exercendo velocidade com criatividade e não de forma gratuita. Revolucionário à época que foi gravado, deu a partida pra uma nova forma de ver o instrumento E dá-lhe “two hands”, “harmônicos”, etc, enfim, fantástico!




7- Led Zeppelin - What is and What Should Never Be” – (guitar solo - Slide)
Jimmy Page gravou este solo usando slide com extremo bom gosto, melódico e com muito feeling.


8- Led Zeppelin - “The Rover” – (guitar solo)
https://vimeo.com/75212837
Uma canção que todo fã do Led coloca como subestimada pelo grupo, já que é vista como um dos grandes clássicos e uma das melhores do álbum Physical Graffiti.


9- Rush - “Fly By Night” – guitar solo
https://vimeo.com/75402929
Alex Lifeson em um grande momento, solo inspirado e bem rock and roll!


Espero que gostem!
Abraços!
Marcos “Lelo” Craveiro

É cover? É versão? É tributo?



Um pouco confuso, não? Mas se convencionou a chamar de cover, ou "cover fiel" às músicas tocadas por bandas que não as originais, respeitando todo o arranjo de voz e instrumentos (possíveis), assim como a letra original. Por outro lado, é comum denominar "versão", aquela maneira pessoal de interpretar uma canção não composta pela banda.

Discussões à parte, considero bandas cover, um grande aprendizado. A maioria das grandes bandas começou fazendo cover, não só por falta de opção, mas por gosto mesmo. É comum você deparar com muitas críticas dos músicos sobre este tipo de trabalho. Quase sempre é aquele chavão: "você não faz sua própria música, apenas copia", ou "macaqueia" como gostam de dizer alguns. Bem, é um modo nada divertido de pensar sobre algo que normalmente é, além de diversão, um trabalho pra muita gente, e ao mesmo tempo, uma das melhores ferramentas (quando bem usadas) de aprendizado para o músico. É uma boa maneira de um instrumentista lidar melhor com seu equipamento, aprendendo a timbrar melhor; a entender os efeitos usados na prática, assim como procurar saber mais sobre eles e suas possibilidades aplicadas a sua necessidade; e também a crescer no quesito de percepção, já que tirar (bem) música de ouvido não é pra qualquer um, e por fim, ganhar mais vocabulário musical ao tratar com respeito boa parte da obra dos artistas que irá tentar reproduzir, para depois, armazenar este conhecimento e utilizar até mesmo a favor de sua própria música.

Percebam que não estou falando de quem tira música de modo desleixado, que não encontra naquilo que viu de novo algo com o que amarrar no seu vocabulário musical, e também, que não me refiro àqueles que simplesmente fazem cover odiando o estilo que às vezes é obrigado a tocar, quase sempre por circunstâncias profissionais.

Eu mesmo, aprendi demais fazendo cover, e ainda continuo aprendendo! um exemplo clássico, foi quando tive que montar os "coros" da banda. Nem cantor sou, e aprender mais sobre isso trouxe-me uma satisfação que não vejo como teria fazendo de outra forma (algo pessoal, eu sei, mas ilustra bem...). Foi assim também que iniciei um ainda deficiente aprendizado de teclado, instrumento que sempre gostei, mas que nunca me dediquei, mas que agora se fazia necessário e gratificante de aprender um pouco mais.

Bom, sendo mais radical nessa área de covers, existem as "bandas tributos", que não se limitam a fazer cover fiel das canções, mas que também vestem-se e tentam usar instrumentos iguais, ou muito parecidos com os homenageados. Pode ser algo legal de assistir, principalmente quando se é fã de determinada banda, pois se o show é bem montado, a sensação visual é realmente empolgante. De contra, creio que o fato de copiar roupas e trejeitos aumentará a expectativa de resultado por quem é fã, e feito com mal gosto, pode se tornar algo circense em vez de bacana. Não sou adepto de seguir essa linha com banda, mas respeito muito quem faz bem, pois não é nada fácil.

Por fim, tem aqueles que fazem versões. Esta é uma maneira que possui milhares de vantagens para a banda, pois adapta-se tudo ao seu estilo próprio, da sua sonoridade ao seu modo de cantar pessoal. Dessa forma, a canção passa a ser explorada pela lente da banda, e não mais pelo olhar do original. Os arranjos tornam-se pessoais, (como um teclado existente na musica original se transformando em uma guitarra com efeitos na versão), muda-se o andamento como melhor lhe parecer, enfim, é mais criativo, e com bom gosto e capacidade, é divertidíssimo. Mas, como em tudo, tem seus contras também, sendo que o principal deles eu enxergo como sendo a divulgação dessa forma de trabalho feito por bandas não conhecidas, além do que, se errar a mão, o resultado pode ser um pouco desastroso, ou no mínimo, desinteressante, e engana-se quem acha que estará livre de comparação com o "original" dessa forma.

Um grande clássico que teve uma versão fantástica e bem vinda é "With a Little Help From My Friends" dos Beatles, feito pelo cantor Joe Cocker. É um dos casos onde você ganha duas maneiras maravilhosas de interpretar a mesma música - a belíssima gravação dos Beatles (do álbum "Sgt Peppers"), e a versão avassaladora e blueseira de Joe Cocker, que na última década, ficou mais conhecida ainda sendo usada como tema de abertura do ótimo seriado "Anos Incríveis".

Bom, a Travelling Riverside Band optou pelo cover "quase fiel", tentando algo próximo do original quando possível, e às vezes, damos nosso toque pessoal, ora por necessidade de adaptar o arranjo à nossa realidade e formato, ora por gosto pessoal mesmo, como nas versões de "You Better You Bet" do The Who, onde a fazemos sem teclados, ou na versão mais acelerada e vigorosa de "Fortunate Son" do Creedence Clearwater Revival, entre outras.

Pois é, todas as formas tem suas vantagens e desvantagens, gosto de todas, e reforço - não há uma maneira ruim, apenas existem opções, escolha a sua, e divirta-se!

Abraço!
Marcos “Lelo” Craveiro